Nos dias de hoje é comum a queixa da depressão, sensação de vazio, falta de vontade. Pensando sobre essas questões, as pessoas se encontram muitas vezes perdidas em relação ao que querem, ao que lhes dá prazer, que características nelas são apreciadas e quais deveriam mudar. O jeito de ser se torna tão cristalizado, em qualquer situação e/ou relação, que a pessoa não se dá o direito de perceber quem é de verdade. Não percebe que muitas vezes está agindo para atender a demanda dos outros e não reconhece o que realmente é a sua maneira de ser e a sua vontade.
Independente do jeito assumido por cada um, o que o torna prejudicial é a rigidez com que se apresenta, é ser esta a única possibilidade, a falta de escolha pelo medo de ser rejeitado ao assumir um outro jeito.
Esse modo inflexível está presente não somente no comportamento da pessoa, mas também na sua musculatura, na forma, no seu corpo. As tensões se desenvolvem no organismo a partir de experiências traumáticas como forma de proteção e sobrevivência. Essas tensões têm o nome de couraça muscular.
Mesmo que a vontade seja agir de acordo, muitas vezes o indivíduo não sabe o que deseja. Para entrar em contato com seu desejo e experimentar uma maneira mais flexível de lidar com a vida é necessário também flexibilizar o corpo. Através da ampliação de movimentos pode-se ampliar as respostas da pessoa diante do mundo. Flexibilizando o corpo pode-se ter uma maior percepção de si mesmo e então saber o que buscar, o que quer experimentar.
A partir da consciência do que se é, daquilo que lhe foi impedido de manifestar e do que o indivíduo quer fazer com isso pode-se ir buscando e desenvolvendo novos jeitos de se relacionar, sem estar preso pelo medo, e podendo estar mais livre para sentir prazer por ser ele mesmo e expressar verdadeiramente seus desejos.
Cristina Pombo, artigo publicado no Jornal Prana, Dez/09.
Nenhum comentário:
Postar um comentário