Agora Eu Vi Legal

Um lugar para todos os que vivenciam o FLUIR DA DESCOBERTA,
Que estejamos despidos de rótulos, condição ou status. Nossas diferenças, em qualquer esfera, aqui independem.

Compartilharemos o que surge na trajetória rumo à evolução pessoal.
É fruto de vida, de aprendizado, sob uma uma perspectiva diferente, intrigante, talvez. Tudo sem deixar de conter algumas doses de insanidade.

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Ediza Martins

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Gayatri entoado por Sathia Sai Baba

4 de nov. de 2009

O QUE É DHARMA?


Por trás de toda ação existe um desejo. Mas o que faremos para satisfazermos o desejo é uma questão de escolha. E o que, afinal, guia nossas escolhas?


Dentro da tradição védica temos um fundamentol denominado dharma. A palavra dharma vem da raiz sânscrita dhr, que quer dizer sustentar. Portanto o dharma é aquilo que sustenta, que possibilita, que regula. São as leis, os valores, um estilo de vida. Nosso primeiro impulso seria definir dharma como “o que é ético” mas dharma é muito mais do que isso, é visto como um dos objetivos da vida humana. 

Na busca de alcançar esses objetivos, e satisfazer nossos desejos, nos deparamos com a necessidade de fazer escolhas, e o que nos guia nessas escolhas é dharma.
Mas porque devemos ter esse cuidado todo com a escolha da ação? Afinal de contas, contanto que a ação nos dê o resultado imediato esperado, tudo bem. Bom, na verdade, a coisa não é assim tão simples. Os Vedas dizem que toda ação, karma, tem resultados que podem ser de dois tipos: visível, drshta phala, ou invisível, adrshta phala. O visível é aquele imediato. Se você avança um sinal de trânsito (semáforo) e quase provoca um acidente vai ouvir a indignação dos outros motoristas. O invisível fica desconhecido e vem a frutificar mais tarde, quando você recebe a notificação da multa por ter avançado o sinal! O resultado, seja visível ou invisível, pode ser agradável ou desagradável. O resultado agradável chamamos punya, e o desagradável chamamos pápa.  

A partir do momento em que entendemos que existe uma ordem nesse universo que regula nossas ações e seus resultados e que sem dúvida sofreremos o resultado de nossas ações mais cedo ou mais tarde, ou até mesmo quem sabe numa próxima vida, naturalmente passamos a ser mais cuidadosos ao escolhê-las e buscamos nos guiar pelo dharma.
O Dharma do Yogí  
O conceito de dharma não pode ser entendido, ou explicado, em poucas palavras. Vamos tentar compreender a extensão que essa palavra alcança entendendo os conceitos de sámánya dharma e vishesha dharma.
Sámánya dharma é o dharma geral, regras gerais aplicáveis a todo membro da sociedade, ou os valores aceitos universalmente. Não gostamos que nos agridam, portanto não devemos agredir os outros. Não gostamos quando os outros nos enganam ou mentem, portanto não devemos mentir ou enganar. Vishesha dharma é o dharma específico de um grupo ou de um indivíduo dentro da sociedade. Se sou um médico, devo ser responsável e respeitar meus pacientes. Como filho devo cuidar de meus pais. 

Os desejos e as qualificações da mente 

Uma coisa é saber o que fazer, outra coisa é pôr esse conhecimento em prática. Nossos desejos são fruto das nossas programações mentais, nossas predisposições, ou samskáras. Muitas vezes os motivos que nos levaram a um desejo são ignorados por nós, ficam no nosso inconsciente, e nesse caso é ainda mais difícil resistir à ação errada. Se quisermos seguir uma vida dhármica temos que conhecer nossa mente para que as ações, aos poucos, deixem de ser impulsivas e passem a ser deliberadas. Essa é uma grande qualificação da mente que deveria ser almejada por todos Uma mente qualificada terá a capacidade de controlar tanto suas ações externas quanto suas emoções. Mente e corpo não são separados, um está constantemente influenciando o outro.

O desejo começa ao vermos um objeto. Se nesse momento percebemos aquele primeiro pensamento do tipo “seria bom se eu...” podemos conscientemente afastar o segundo, o terceiro e o quarto pensamentos que iriam reforçar o primeiro e finalmente levaria o desejo a se instalar por completo em nossas mentes. Uma vez instalado o desejo, só há uma opção, controlar nossos órgãos de ação, essa qualificação é dama. Nesse caso a manifestação no nível físico é controlado. Podemos até chegar a ficarmos “vermelhos de raiva”, mas seguramos a vontade de agredir alguém.
Podemos nos ajudar a ter uma disciplina da mente através do disciplinar do corpo e também podemos ajudar a disciplinar o corpo através do disciplinar da mente.
Devemos conhecer a mente, controlar o corpo, escolher a ação dhármica e esperar o fruto da ação, confiantes de que ele é sempre adequado e em harmonia com a ordem do universo, mesmo se não for o desejado.


Texto de Paula Ornelas, professora de sânscrito e vedanta no Rio de Janeiro 

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