Às vezes tenho a impressão de que a Terra do Nunca me persegue, através de seu personagem principal: Peter, em suas diversas personificações. Sabe aquelas continuações de produções holliwodianas? Pois é.
Um dia Peter Pan chega como tal, outro dia retorna amadurecido. A merda, ou melhor, o fato, é que ele, como a lenda do Papai Noel, sempre volta!
Peter já teve 23 anos, lindo, saudável, meigo, cheio de sonhos e expectativas, sabendo dizer sempre a coisa apropriada no início do dia, ser dotado de muita vontade, muito amor e muitos amigos. Em contrapartida veio também o pouco senso e muita exigência no que tange ao TER: padrões de beleza, de comportamento, necessidade de grifes e de um materialismo que tenta expressar QUEM É, enquanto não se descobre ao certo. Com a vida se iniciando, com muito por fazer, muito a aprender, muito a mudar, e como não poderia deixar de ser, muito a manter também: a pureza da essência, a urgência do deleite inconsequente (tudo é nunca, tudo é pra sempre...)
Num soa encantador? Pois é... eu me permitir viver isso, mas um dia tive de deixar o sonho. Afinal, a realidade urrava à porta e as artimanhas de Peter não funcionam tão bem assim nesta dimensão de realidade, infelizmente.
Sete meses depois, curada da avidez pela fantasia, com pés fincados no chão e o coração restaurado da fragmentação que lhe causei, vivendo um momento "agora ou nunca", quem surge?
Em uma versão madura, aos 56, em plena reviravolta de Saturno, tendo conquistado tudo o que se propôs em termos materiais, disposto até a abrir mão de alguns excessos... lindo, sem sonhos, autoritário, exigente, cuidadoso, provedor, responsável e com muita atitude.Entretanto, com pouca emoção e vivendo sob o jugo de um manual ditado pelo TER. Não se pode deixar de mencionar muita coisa a ajustar no âmbito pessoal, a realidade em si. Sim, era Peter, de novo.
Dessa vez não estava dotado de avidez, porque viveu mais, aprendeu mais, e já conquistou muito. Tanto que hoje se permite autopatrocinar a "Personal Neverland", fruto de dedicação e esforço, ou seja, mérito.
E eu sucumbi à Terra do Nunca, e recebi até treinamento para saber desfrutar dela. Mas no fim, era Peter. E ele "brincou" comigo, sem que eu pudesse perceber, e permiti isso. Ele veio diferente, disfarçado de maturidade, mas a essência é a mesma. Achei que fosse apenas um Bob Esponja, mas me enganei. A mim restou a constatação de que uma recaída é sempre pior do que a primeira queda. Demoraria mais tempo pra perceber, mas tudo acontece por um motivo, e por ruim que ele seja, sempre é pra me ajudar.
A dúvida, no fim, é em relação a mim. Afinal, qual o mecanismo que tenho de desativar para não atrair mais a Terra do Nunca pra minha vida?Eu quero a vida real, então terei mais cuidado com personagens fofos que aparecem no caminho.
Por Ediza Martins
em 02/06/2010
Por Ediza Martins
em 02/06/2010
Nossa... realmente me tocou vc esta escrevendo e se expressando cada vez melhor e melhor.Mais uma passagem, tenho certeza que irá encontrar o caminho certo e a pessoas certa escolhida a dedo para compartilha a vida com você. Beijos com amor.
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